Nipocultura: a cultura japonesa ao seu alcance

A alma do povo japonês | Simbologia xintoísta

bandeira do japão

1. Bandeira Nacional: a divindade máxima do xintoísmo, Amaterasu, a deusa do Sol, ocupa o centro do pavilhão em forma de círculo vermelho sobre o fundo branco. Há a idéia da presença da deusa em ambientes, corpos e coisas puras. Corolário natural, estas cores têm forte apelo emocional. Há predominância da cor branca nos carros particulares; em duas ocasiões em que lá estive, eram brancos todos os táxis, com motoristas usando luvas brancas e assentos forrados por tecido branco. O cerimonial do seppuku (desventramento) é praticado com o suicida comum usando vestes brancas. A nobreza e os militares tinham a opção de se suicidarem com trajes identificativos de sua posição social. Quase todos os produtos de higiene, principalmente os de uso pessoal, têm o branco como cor predominante. O vermelho liga-se à idéia de proteção, bem-aventurança: há santuários nessa cor, contrastando com a sobriedade desses locais.

2. Água: nas cerimônias xintoístas é tida como o purificador natural, aquilo que nos livra do mal (impureza). Nos santuários há uma pia com água corrente provida de conchas de bambu onde os fiéis fazem seu ritual de purificação. Na época dos samurais, estes costumavam verter desta água sobre a lâmina da espada antes dos combates.

Na cultura nipônica o banho tem raízes mitológicas. Faz parte da cultura o significado religioso da limpeza do corpo: o Japão é possivelmente o país com maior número de banhos públicos. Em 1990, só na cidade de Tóquio havia 2600 casas de banho público*. Quando o japonês quer um tratamento de choque para buscar energia e equilíbrio, costuma meditar sob uma queda d’água, vestido de branco ou sumariamente despido.

3. Torii: as duas colunas representam as pontes celestiais pelas quais desceram os deuses Izanagi e Izanami ao reino de Izumo (Terra). As traves horizontais representam a Terra.

4. Patriarcalismo: o mito da iniciativa fracassada de Izanami certamente está presente no inconsciente deste povo. A sociedade é patriarcalista, valoriza-se a figura masculina: os salários dos homens são mais altos, as posições-chave nas empresas e no governo são ocupadas por homens. A precedência é masculina; a mulher anda sempre atrás do homem, nunca podendo lhe fazer sombra. Embora a ocidentalização tenha dado mais espaço à mulher, é ínfima a participação feminina em postos-chave de governo ou de empresas.

* Osvaldo Peralva – Um retrato do Japão ed 1991 pg 126

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