Nipocultura: a cultura japonesa ao seu alcance

A alma do povo japonês | Zen Budismo

imagem: http://www.sacred-destinations.com/japan/kyoto-daitokuji.htm

Derivado do budismo, seu fim último é atingir a iluminação pessoal através da meditação. Para isso, praticam-se exercícios rigorosos, como as artes marciais, para se quebrar o trabalho da mente, eliminando assim, a barreira do consciente, o que conduz à superação da necessidade da palavra. Abole-se o significante concentrando-se apenas no significado, isto é, abandona-se a intermediação do veículo (palavras, imagens) para ficar apenas com a essência. O consciente ativo impede a meditação por estar preso à realidade obstacularizando sua integração com o todo. Ao atingir o estado de pensar sem pensar, pelo esvaziamento da mente, o homem é: está na potência máxima de sua intelectualidade.

Os monges zen foram uma das melhores castas de guerreiros do Japão. Foi um sábio monge zen, no começo do século XVIII, Tsunetomo Yamamoto, ex-samurai, quem escreveu Hagakure, obra de 11 volumes do qual se extraiu a ética do Bushidô (caminho do guerreiro).

Para o budismo zen, uma vez atingida a iluminação, o indivíduo passará a aceitar a realidade imutável dos fatos, pois que nada se modificará no mundo e tudo continuará como está.

A doutrina zen-budista não se aprende, tem de ser incorporada como sua maneira de ser.

A compreensão do mundo e de si, só se faz sendo, por isso, para alguns mestres, é inútil o ensino da doutrina: a sabedoria só pode ser alcançada pela ação, que é a expressão mais verídica de ser (verbo).

Para o budismo zen quem não é, não sabe; quem sabe não precisa falar, é naturalmente. Quem é, faz. Ser e fazer são uma só coisa, ação única, inequívoca, harmônica. Apreciar um poema ou o desabrochar de uma flor, manejar uma espada, conhecer uma pessoa, externar uma emoção, são todas exteriorizações do ser, conseqüentemente da sabedoria. A sabedoria liga-se à ação. A ação com a essência do ser, dispensando a intermediação de palavras. O pensamento está retratado nas ações, não nas palavras.

Para o budismo zen a iluminação é sempre pessoal, é reconciliação com o mundo, integração ao todo, ou antes, sentir-se o todo, pois que o todo é si próprio.

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